terça-feira, 24 de agosto de 2010

Capítulo 8 : Segunda morte

Carlos suava frio e não sabia onde esconder aquela cara de criança culpada.



-Entra no carro agora mesmo e tenta me dar um motivo pra não te dar uma surra e te largar na delegacia. –Marcos fazia um esforço supremo para não bater em Carlos ali mesmo.


-Não, meninos... Por favor...


-Por favor? Para com esse draminha de quinta! Você bem sabe que se a gente chamar a polícia, não dará em nada. – Ivan era incisivo e não piscava os olhos enquanto encarava Carlos. –Vocês têm um trato, de alguma forma. Nenhum perito ou funcionário do IML ia confundir você vivo, com um cadáver. Quanto de propina rolou no meio disso tudo?


- Garoto, você e seus amigos não sabem de nada. Por favor, tenho que zelar por minha esposa e filha. É melhor pra elas que eu fique longe. Não quero que nada de mal aconteça.


- E você não acha que está fazendo mal se fingindo de morto? O que vocês homens têm na cabeça? Você destruiu sua própria família!


-Menina, tudo isso é relativo. Se vocês soubessem...


-Disse tudo, Carlos. Pague os mecânicos e entre no carro da Laura. –E se virando para Marcos, Ivan continuou: - Dirija o carro dele, vamos lá pra casa para conversar com um certo espírito.


-Ei, menina! –Gritou um dos mecânicos. – Não vai querer mais o balanceamento?


-Não, depois eu volto. Desculpe.


Laura dirigia para o flat com Ivan e o professor Carlos no banco de trás. Marcos vinha os seguindo de perto com o Celta.


O Celta ficou estacionado na rua, enquanto Laura estacionava seu carro na garagem de Ivan.


Subiram.


-Comece a falar tudo. Não somos idiotas. Ninguém forja a própria morte à toa.


-Ivan, não forjei minha própria morte! –Carlos falava alto, mas o tom de sua voz era de segredo, como se não quisesse que as paredes ouvissem. –Eu escapei dela. E agora querem me matar porque já sabem que não morri.


-De que você está falando, professor? Quem ia fazer isso com o senhor?


-Menina, há muito mais coisa por trás de tudo que vocês pensam que existe.


-Por que a polícia disse que você estava morto, então? –Marcos pegava uma cerveja. –Quanto você pagou pra polícia por isso?


-Eu, nada. Alguns amigos meus que me ajudaram. A polícia também quer saber quem tentou me matar. Por isso aceitaram que eu fingisse a minha morte. E fora que eu sei de muitos podres de metade do batalhão daqui. Ninguém ia querer que eu abrisse minha boca.


-Falando no assassino, você por acaso não o viu? E o que foi usado para te machucar tanto assim desse jeito. Você está todo cheio de gaze no pescoço, provavelmente está com as costas enfaixadas e simplesmente ia dirigir e deixar seu assassino impune?


-Ivan, meu corpo não importa. O assassino estava encapuzado. Me atacou pelas costas com algo que rasgava minha pele. Quando ele atingiu meu pescoço eu desmaiei. Acho que na pressa, ele não verificou se eu ainda estava vivo. Minha empregada me encontrou e chamou a polícia e os para-médicos. Mas quando me reanimaram ela estava chorando em um canto e não se deu conta de que estava vivo. Minha mulher manteve distância, protegendo minha filha. Por favor, deixem-me ir enquanto há tempo. Pegue na minha mochila o endereço onde ficarei, darei todas as explicações que desejarem, mas não posso ficar mais aqui no Rio. Quando tirar meu passaporte falso, irei para Roma e morrerei por lá.


-E como vamos saber que ficará lá mesmo? Que não fugirá novamente? –Ivan se desesperava, mas não poderiam prender Carlos no flat. Poderia ser perigoso.


-É uma pequena pousada em Santos. Só poderia me esconder por lá, meninos. Agora me deixem ir, por favor.


Os três se entreolharam por um instante e Marcos disse:


-Ok, tá aqui as chaves do carro. Ligaremos para ir lá tirar satisfação.


-Eu desço com ele. –Disse Laura, dando apoio ao debilitado professor.


-Adeus, meninos.


Viraram-se e desceram.


Na rua, Laura se despedia de Carlos.


-Menina, lembrem-se de nunca confiar em qualquer pessoa que for.


-Principalmente no senhor. Vai com Deus, e cuide-se.


Foi ela dizer isso e sua blusa ficou quente, olhou e estava vermelha.


Sangue.


Havia sido vítima de bala perdida? Onde teriam a acertado? Ela se assustava, mas só sentia o calor e nada doía. A quantidade de sangue fez com que ela ficasse zonza e caísse sentada no chão.


Olhou mais uma vez para seu corpo e olhou para o carro.


Não havia sido ela a vítima. Carlos estava ligando o carro para sair, quando Laura percebeu que o pescoço dele sangrava incontrolavelmente, e em vão, tentava estancar o sangue com a mão esquerda.


Ligou o carro e saiu rápido, desgovernado. Chegou a uns cinquenta metros e Laura escutou um estampido.


Estampido esse que fez Marcos e Ivan irem à janela.


O vidro traseiro do carro estava estilhaçado, algo provavelmente entrou certeiro no carro.


Outro tiro?


O que quer que fosse, havia acertado Carlos. O carro, desgovernado atingira a vitrine de uma loja na esquina.


Gritos começavam a surgir quando alguns olhavam para o corpo de Carlos tentando ajudar.


Quem fez aquilo não queria matar Laura.


Não queria matar qualquer um.


Quem fez aquilo, conseguiu matar Carlos pela segunda vez.


E, certamente, agora sabia que o trio estava envolvido.


7 comentários:

  1. bom desfecho!! qro mais *~*

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  2. motokooo
    ñ sabia desse teu ladoo escritoor comecei
    a acompanhar td essa historiaa agora ,to adorandoo
    bjuus

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  3. amigaaaa... ta arrasandooo.. to adorandooo.. nem sabia que tava escrevendoo.. =D... to acompanhando... bjuuuuuuuuuuuuuuulll
    Marianna Ramos

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  4. Tem alguém muito interessado no extermínio do Carlos...rs. Boa história! Continue...

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  5. Legal, entrei no blog agora, ainda não li as historias, e nem vo poder ler agora pq to sem tempo, mas so o fato de vc estar escrevendo já é muito legal !!!

    E a julgar pelos comentarios nesse post deve ser boa =)

    Mais tarde vou ler concerteza...

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