sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Capitulo 2: Protegendo pra sempre

 O corpo de Mauro não demorou muito para ser liberado do IML. Lá, constataram morte por inalação de combustível, o que fez estender o raio de busca da perícia criminalística. Os cortes foram feitos pelo próprio crucifixo de Mauro, porém havia apenas as digitais dele mesmo. Mas era impossível ele ter atingido tantos ângulos diferentes com as próprias mãos.
  O enterro acontecia às 18hs, do mesmo dia. Muita gente de terno, imprensa e polícia. Alguns amigos de Ivan compareceram, mas praticamente não foram notados. Nem por Ivan.
  Ivan não conseguiu comer nada nem antes de ir ao enterro nem depois. Suas lágrimas caíam dos seus olhos como uma piscina transbordando.
  Ele ainda não entendia por que.
  Chegou à mansão do pai e foi direto ao à parte da grande construção destinada às suas crenças: havia grandes estátuas, imagens de santos e muitos objetos de ouro
  Como um homem que prezava tanto a paz poderia ter despertado tamanha ira?
  Ivan se levantou do banco onde estava e se deparou com Marcos, seu primo.
  -Não queria te incomodar.
  -Não incomodou, estava querendo entender, Marcos.
  -Deixa isso pra polícia. Eles podem fazer essa parte do entendimento e nos dar mastigado. Pra que quebrar a cabeça agora?-Ivan deu um leve sorriso. Apenas Marcos tinha o poder de o fazer rir nas piores situações.
  -Vamos pra casa, você não comeu nada, Ivan. Prometi à tia Lis que cuidaria de você por toda a vida. Não tenho feito isso muito bem, mas estou tentando. –Ivan se lembrou dessa promessa. Ele tinha cinco anos e Marcos, sete. Ia jogar futebol na rua e Lis, a mãe de Ivan, fez Marcos prometer que cuidaria sempre do primo enquanto ela não tivesse por perto. Duas horas depois eles retornaram à mansão e seu pai havia lhe dito que Lis morrera de infarto. Tinha sido a primeira vez que Ivan tinha ouvido essa palavra.
  Sua avó pedira à cozinheira que fizesse uma salada bem caprichada e um suco. Sabia que quem vê um corpo no estado que aquele estava nunca conseguiria comer carne no mesmo dia.
  -Parabéns, Célia! Lembre-me de contratá-la quando minha avó se enjoar de você. –Ivan tentava brincar com a cozinheira, para distrair a si próprio.
  -Você pode me chamar a qualquer momento, menino! Sabe que não gosto de te ver comendo aquelas lasanhas congeladas. –Célia sempre dizia isso.
  -Vai continuar com o flat em Copacabana ou virá morar aqui?
  -Sabe Marcos... Acho que os dois. Não quero me privar de ter essa liberdade que demorei tanto pra conquistar. Mas, estou em um momento que gostaria de estar com meus avós.
  -Minha pobre casinha também estará à disposição, primo. –‘Pobre casinha’ era o nome dedicado à cobertura da família de Marcos, em São Conrado. Nada pobre.
  -E quando ela não esteve?-um abraço fechou essa conversa.

4 comentários:

  1. Hehe, conseguiu manter o clima do primeiro cap.
    Tá ficando mais interessante com esse toque de "tranquilidade" familiar.

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  2. Minha história não terá muita tranquilidade, baby. Aproveite =)

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  3. Achei que você gostasse de lasanha congelada. x_x

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  4. Não entendi o religiosidade...
    Enfim...

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