terça-feira, 26 de outubro de 2010

Capítulo 15 : -Eu nem sei tanto do meu pai...

-Ivan, te chamei aqui porque eu descobri algo que gostaria que você me explicasse.-Sandra, a delegada, estava séria e realmente queria respostas.



-No que eu puder ajudar. - Ivan tentava saber o que ela tinha a perguntar. Quem tinha dúvidas era ele.


-Você sabia que seu pai viajava e encontrava pessoas de todo o mundo. Mas você sabia de algum hobbie extra-trabalho dele? Nem sei se podemos chamar isso de hobbie.


-Delegada, não sei de que está falando. Meu pai tinha o trabalho, a família e a religião. Nem tinha muito tempo pra se divertir. Estava sempre em reuniões com vovô e alguns sócios.


-E o que você entende por sócios?-Disse isso escorregando lentamente seus punhos para frente da mesa. –Você não é mais nenhuma criança, acho que pode entender se o seu pai faz ou não algo de errado.


-Meu pai não fez nada de errado!-Disse isso se levantando de súbito-Ele foi assassinado brutalmente. E até agora seu pessoal não me explicou como!


-Menino, sente-se e pare de dizer o que não sabe. - A delegada usou apenas da educação e um olhar sério para desconsertar Ivan e fazê-lo sentar. - Pense bem e tente imaginar se você realmente sabia o que seu pai fazia em todas as vinte e quatro horas do dia.


Não. Ivan realmente não sabia. Pra falar a verdade ele nem fazia ideia. Estava sempre bebendo com o primo, ficava mais no flat do que na mansão e nem dava importância ao emprego de seu pai.


-E o que você achou? Eu nem sei tanto do meu pai, pensando bem. Sou um cara egoísta.


-Pesar sentimentalismo agora não conta. Você é apenas jovem. Ninguém dá importância até perder, né? Enfim, seu pai estava envolvido em uma espécie de sociedade que estávamos investigando fazia um tempo. Ninguém aqui da polícia sabia que ele estava envolvido. Pra falar a verdade, ninguém sabia ao certo quem estava envolvido. Mas desconfiávamos que um médico estivesse sonegando impostos e estava. Investigando melhor, soubemos que ele estava envolvido em uma sociedade e do nada a nossa investigação parou.


-E qual o motivo de ter parado?


-Havia um chefe nosso da Federal envolvido e bloqueou o nosso progresso. Daí eu vim parar na delegacia de homicídios e larguei o caso profissionalmente. Porem, aquilo me intrigou. Era um bom caso e eu queria saber que sociedade era essa.


-E é essa que meu pai está envolvido?


-É essa que seu avô ergueu durante todos esses anos.


-Mas... Meu avô? Como se fosse o fundador dessa sociedade? Mas se ela levou meu pai à morte... Como?


-Calma. Não sei. Tudo tem que se encaixar, e é por isso que eu te chamei aqui. Tenho que juntar os meus fatos com os seus e saber quem está por trás disso. Não quero imaginar que seja alguém da sua família.


-Delegada, minha família está tão reduzida que vai faltar pouco pra que eu desconfie de mim mesmo.


-Falando nisso, e seu primo? Onde Marcos está?


-No hospital com o vovô. Operando o coração.


-Vamos até a mansão de seus pais. Você pode me ajudar em algumas coisas.


Ivan fez que sim com a cabeça e eles foram no carro de Sandra.


De longe, Ivan percebeu os vitrais quebrados e a porta semi aberta.


A delegada Sandra engatilhou a arma e foi à frente de Ivan, que estava com o celular na mão.


-A casa estava vazia?


-Não, a Lau estava aí. Céus! O que eu deixei acontecer? Pedi para que ela me ligasse.


O celular de Laura tocava na biblioteca com a chamada de Ivan. Sandra confirmou que a casa estava vazia e eles entraram.


Sangue por todo lado. Vidros quebrados, livros no chão, estátuas rachadas.


E nada de Laura.


Na escada, um símbolo. Uma espécie de recado do assassino.


Havia uma cruz feita com sangue.


Sangue de Laura.


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