Laura estava assustada. Estilhaços de vidro cortaram suas costas e seus braços.
A biblioteca havia se transformado em um campo de batalha.
Onde estaria o atirador? Para onde correr?
-Sei que não se machucou. Pare de brincar a menininha inocente e saia daí.
-Seu idiota! Nem é homem suficiente pra fazer isso cara a cara. - Laura ria do atirador, zombava. Mas seu rosto suado e cheio de lágrimas revelava o medo que sentia.
-Eu até sou. Mas que graça teria acabar com a brincadeira logo agora? É tão bom ver uma mulher correndo por minha causa.
Outro tiro. Dessa vez acertou o vaso de flores na mesa ao lado do computador. O atirador aproveitava o espaço aberto pelo primeiro tiro para acertar toda a biblioteca sem que Laura soubesse de onde estava vindo.
O desespero fez com que Laura começasse a correr para fora da biblioteca. Segurando o celular de Carlos em uma das mãos e a outra se protegendo dos estilhaços de tudo que fosse capaz de explodir naquele lugar.
Ele continuava a atirar.
-Corra pequena lebre. Adoro caçar.
-Cala a boca! Saia! Vou chamar a polícia!
-Não te darei esse tempo. Acha que eu deixarei você entra na biblioteca de novo?
Laura pensou bem. Havia esquecido seu próprio celular na biblioteca. Parou no meio da escada e olhou pra trás. Em um flash de segundo foi atingida no pé esquerdo.
Sua força fora toda embora. Caiu de dor na grande escada de madeira da mansão.
-Não, não, não! Ande Laura, ande!-Laura chorava a si mesma. -Pelo amor de Deus! Não posso ficar aqui.
Escutou mais um tiro. A porta da frente que antes estava trancada acabava de ter as dobradiças arrancadas.
Passos. Leves passos.
O medo de Laura se transformava em angústia ao deduzir que se tratava de alguém conhecido.
O atirador se virava para a escada, desvendando seu rosto à Laura, que não conseguia andar nem pelo tiro nem pelo impacto de saber quem era. Seus olhos choravam um desespero pelo reconhecimento e pelo medo de tudo aquilo.
-Eu não acredito que todo esse tempo... Todas essas mortes. Você?
-Desculpe a surpresa. –disse.
Laura só conseguiu ouvir um estampido.
Tudo se apagou.
Morreu e não soubemos quem era...
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