sábado, 2 de outubro de 2010

Capítulo 13 : Fraternidade, Eulogia, Conhecimento

  Marcos já trazia a mochila de Carlos.
  Laura pegava um pouco de água para Ivan, que parecia estar eufórico e ao mesmo tempo com medo de dar mais um passo sobre tudo aquilo.
  -Essa caveira ainda me intriga, por que ela apareceu assim?- Ivan abria a mochila de Carlos e pegava o anel com diamantes. – Que diabos seria isso? Que excentricidade é essa de ter um anel de caveira cravejado de diamantes?
  -Não faz sentido, mas alguma coisa aqui tem que ter. –Marcos abria cada centímetro da mochila de Carlos. –Bem, esse caderninho de telefones tem uns grifados. Talvez seja alguma coisa. Ei, um celular!
  -Liga. Quem sabe alguém não retorna?-Disse Laura, dando água a Ivan – Só espero que não venha nenhum parente ligar pra cobrar um celular, né?
  -Achei o número da delegada que estava cuidando do assassinato do meu pai. Quem sabe aquela filha da mãe não me dá alguma notícia, finalmente. – Ivan acabou de falar as últimas palavras e seu telefone toca. – Alô. Delegada Sandra?! E-eu ia te ligar agora. Como? Mas na delegacia mesmo? Sim, pode ser. Claro, estarei lá.
  -Ela adivinhou, foi?
  -Sim, e parecia estar bem nervosa. Disse pra eu ir à delegacia de homicídios na Barra. Ela descobriu algo, acho. Não quis me falar por telefone. Acho que devo ir sozinho.
  -Bom você já é maior de idade. Eu acho que devo ir ao hospital ver o vovô. De lá te mandarei notícias.
  -Se não for pedir muito, posso ficar levar as coisas do Carlos para analisar sozinha? Acho que sem vocês falando no meu ouvido o tempo todo eu poderei pensar melhor. - Laura sempre aproveitava uma ironia.
  -Por mim tudo bem. Olha, fica com essa cópia da chave, fecha a porta da biblioteca antes de sair e tranca direito a porta dos fundos. - disse isso saindo porta afora, tão afobado que voltou para pegar a carteira que estava encima da mesa. –Ah, lembrando: tomem cuidado e qualquer coisa, me liguem.
  -Pode deixar. - disseram os dois.
  -Bem, Laura. Vou indo. Pegarei um taxi aqui na frente. Meu carro ficou no flat de Ivan. Me liga se precisar.
  -Tudo bem.
  Laura estava sozinha. Em suas mãos, um mistério de homens mortos parecia querer ser desvendado, porem não havia nada se encaixando em nada.
  Resolveu largar a mochila de Carlos e olhar os livros da família de Ivan.
  No computador, havia uma pasta chamada fraternidade. Nela estavam guardadas fotos de viagens ao oriente médio. Dentre elas, Mauro estava com uma blusa escrita ‘Fraternidade’ no meio de dois homens, um envolto com a bandeira de Israel e outro com a bandeira do Egito. De fundo, um dos muros da faixa de Gaza.
  Laura sabia que o pai de Ivan sempre foi interessado em religiões do mudo e buscava sempre encontrar a paz onde fosse.
   Em outra pasta, estava escrito: Nos hic ossa vestra manent. A pasta estava vazia.
  -Odeio Latim. – resmungou consigo.
  O computador não tinha mais nenhum arquivo considerado estranho ou que despertasse a curiosidade de Laura. Resolveu então dar uma olhada na biblioteca.
  O avô de Ivan tinha se formado na Universidade de Yale, nos Estados Unidos. Exibia com gosto seu diploma na parede. Ao lado, uma foto em preto e branco de um grupo de rapazes.
  O bom olho de Laura fez com que ela visse o mesmo anel de caveira em cada uma daquelas mãos. -Não, não poderia ser o mesmo. - ela pensava, mas era impossível ser apenas uma coincidência.
  -‘Fraternidade, Eulogia , Conhecimento’ . –Leu em uma das bandeiras que estavam atrás deles na foto. –F.E.C. ! Putz! Não pode ser isso!- Laura estava dando pulos de felicidade na biblioteca. E voltando-se para o computador, falou sozinha: - Santa enciclopédia me ajude a descobrir o que ‘Eulogia’.
  Na pasta aberta, várias explicações apareciam com um link de internet para seguir. A maioria dizia que Eulogia era uma deusa grega. Mas, de todos, apenas um fez com que ela abrisse, e este tinha como subtítulo: ‘O Pendurado é igual a morte. O Diabo é igual a morte. A Morte é igual a morte
  Seu pensamento foi interrompido por um barulho chato. Após o susto, veio a lembrança: o celular de Carlos estava ligado agora. Um número oculto chamava, resolveu atender.
  -Chegando mais perto do fogo, Laura? Pelo visto sangue jorrado em sua blusa não assusta. Saiba que com a mira que tenho de você aqui não erraria o tiro. Não terei pena desse belo rostinho.
  -Quem está falando? Mostra sua cara, seu covarde. Não tenho nada a perder. –Nesse instante, um dos vitrais da biblioteca se estilhaça. Uma bala. Se alojou na poltrona perpétua que estava ao seu lado.
  -Cuidado com o que fala, mocinha. Gosto de brincar de esconder. Melhor correr.

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