domingo, 19 de dezembro de 2010

Capítulo 18 :Diamond Skull

O sangue ia se espalhando pelo corpo de Laura e ela chorava de dor e desespero, vendo o sorriso no rosto de seu sequestrador .



A noite ficava cada vez mais escura e o céu coberto de estrelas e sem lua fazia Laura ter a sensação de que tudo seria apagado.


-Veja só, veja só. –O sequestrador se distanciou e apreciou o crucifixo desenhado no corpo de sua refém. –Agora você parece mais religiosa que antes. Sabia que Cristo sangrou por nós? Claro que sabia minha amada católica. Você pode sangrar por pena de mim, pedindo misericórdia à minha alma. E você sabia que as pessoas que têm as chagas Dele são consideradas puras?-Foi lentamente passando a faca pelo braço direito de Laura. –Que tal você se purificar a partir daqui?- Ele apertou a ponta da faca contra a palma da mão de Laura, fazendo com que ela soltasse um grito abafado e deixasse escorrer mais lágrimas em seu rosto suado.


A noite quente se prolongava, o suor do corpo de Laura fazia a cicatriz em sua barriga arder mais. Sua mão latejava e não parava de sangrar. Ela apenas podia olhar para o alto. O torno de mesa apertava tanto sua cabeça que se ela se mexesse poderia se machucar.


-Vou deixar esse brinquedinho aqui. –Disse ele carregando uma pistola e colocando sobre algo que Laura não podia ver. - Mas não é para você, não fique feliz porque ainda não é sua hora. Esse é um presentinho aos que virão te procurar. Não os culpo, eles pensam que irão te salvar, mas a salvação é ao meu lado. Eles estavam te desviando da divina luz. Acabarei com todos esses imbecis. Um por um.


A delegada Sandra e sua equipe convenceram à Ivan os levar até o hospital onde seu avô estava internado.


-O que é isso, Ivan?-A avó dele perguntara vendo aquela gente toda de terno.


-Policiais, eles precisam fazer umas perguntas à senhora.


-Justo agora? Eu pretendia ir até o quarto do meu marido, agora que acabou a cirurgia.


-Vovó, é importante.


-O que está havendo? Onde está Marcos, Ivan.


-Não estava comigo, tia. A gente deve ter se desencontrado. –Ivan mentia, desviando seus olhos do da aflita tia.


-Vamos até a sala de espera, vou tomar um café enquanto eu respondo às perguntas dos policiais. Provavelmente sei o que querem saber.


Em uma hora e meia de conversa a avó de Ivan deu definitivamente todos os detalhes que os policiais precisavam saber.


Ivan estava boquiaberto com tantas informações.


-Então, o que temos agora é a declaração de quem vivenciou tudo. A senhora afirma que seu marido deu início a uma sociedade secreta?- Confirmava a delegada.


-Sim a Diamond Skull surgiu ainda na universidade de Yale, eles prezavam as riquezas materiais, os estudos e o trabalho. Todos os que participaram da sociedade se tornaram médicos, militares, políticos ou cientistas. As ramificações feitas pelos filhos dos integrantes originais já eram formadas por engenheiros, professores renomados e alguns economistas.


-E a senhora nega que eles tenham algum envolvimento com seitas ocultistas ou afins?


-Eles nunca mexeram com ocultismo. Era apenas uma sociedade, não uma seita.


-E a senhora imagina o porquê dos integrantes serem assassinados brutalmente? Não consegue imaginar quando isso começou e por qual motivo?


-O motivo eu não sei, mas me lembro do primeiro que morreu. Chamava-se Lúcio Campos e ele era teólogo.


-Sim, foi o que morreu queimado em um cemitério um ano atrás. Lembro-me que nós prendemos os culpados. Era um grupo de homens de classe alta.


-Exato. Esses homens eram uns que descobriram a sociedade por um vacilo de informação do próprio Lúcio. Eles gostariam de entrar, visando à ajuda financeira que os membros oferecem uns aos outros quando necessário. Como Lúcio percebeu isso, negou a apresentação à sociedade. Deu no que deu.


-Mas se nós prendemos os assassinos, quem estaria matando os outros integrantes?


-Isso eu já não sei te dizer. Foi a única vez em que uma informação sobre a sociedade vazou.


-Vamos ter que voltar o caso a partir daí. Tem algo que precisamos investigar ainda.


-Vovó, porque a senhora nunca falou sobre esse assunto comigo e com Marcos?


-São muito novos, saberiam depois dos 25 anos e formados. Mas o filho do Lúcio soube após a morte de seu pai. O que aconteceu com o menino?


-Filho? Não me lembro de nenhum menino.


-Ele foi entregue ao padrinho, na Igreja Nossa Senhora das Dores, no Leblon. O padrinho é padre.


-Eu não sabia disso. Não fui informada de nenhum cosanguíneo no Rio de Janeiro. Sei que ele tinha uns parentes na Itália, mas não me informaram...


-Bom vocês podem ir à igreja. Se o menino está ou não eu não sei, mas vocês podem interrogar seu padrinho.


-Ok. Ivan vem com a gente?- A delegada virou-se para o menino quase como se fosse uma ordem.


-Sim. Vovó, se o Marcos ligar, me avise. Quando o vovô acordar, me avise também.


Saíram todos da sala de espera. Sandra falava no rádio com a equipe de busca de Laura. Ainda nada.


Chegaram à Igreja em vinte minutos. A mesma em que Laura se confessou.


Ivan sentiu um aperto no peito por retornar aquele lugar, não se imaginava ali procurando por resposta pelos assassinatos.


Passaram pelo biombo que estava na frente da porta, e adentraram na igreja.


Ivan reconheceu uma silhueta sentada de cabeça baixa nos bancos:


-Marcos? O que está fazendo aqui?-A voz de Ivan ecoou na igreja quase vazia, o que fez Marcos se virar e encarar assustado a presença dos policiais.


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