sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Capítulo 10 : Igreja

-Meu Deus! Será que seria alguma seita, clã, ou sociedade secreta?



-Não viaja Laura. -Marcos pegava da mão de Ivan o anel.- Poderia ser um aviso. Tio Mauro poderia ter recebido o lenço, achando que era um presente de alguém. O professor Carlos também.


-Olha Marcos. Faria mais sentido se o excêntrico do papai tivesse recebido o anel e o professor ter recebido o lenço, que ao contrário. Então não seria aviso, acho.


-Gente, estou fedendo à sangue.


-Desculpa Lau. Está aqui o shampoo.


-Obrigada. Preciso de um banho frio e depois a igreja. –Dizendo isso, voltou para o banheiro de Ivan.


-A Laura é mais fria do que pensei. Nem parece abalada com a morte do professor.


-Só acho que ela seja forte, Marcos. Nós somos dois fracotes ao lado dela. Vamos vasculhar essa mochila. Devemos encontrar algo mais claro pra gente.


Infelizmente, havia muita coisa, mas nada que ajudasse o trio naquele momento. Resolveram guardar a mochila e só abri-la quando suas cabeças estivessem mais frias. Tres mortes em pouco tempo, sendo que duas da mesma pessoa. Eles eram apenas jovens e suas vidas estavam de pernas para o ar em dois dias.


Ivan foi à janela e notou que realmente os seguranças pareciam não estar lá. O deixou com medo, mas se sentiu mais seguro sem eles.


Um carro da polícia chegava perto do carro batido de Carlos.


Daqui pra frente nada disso era com eles. Se a polícia sabia que ele não estava morto, acabariam o enterrando como indigente e tudo estaria encoberto pelo governo, junto com muitas outras coisas.


Laura saiu do banheiro com sua calça e uma blusa do Chelsea.


-Vamos à igreja? Mais do que nunca, acho que deveríamos. Depois podemos almoçar, né?


-Ok, vamos no seu carro, mas eu vou dirigindo.-Ivan sabia que por mais calma que Laura aparentasse, ela estava atordoada.


A igreja era no Leblon, onde era o flat de Ivan. Tanto ele quanto Marcos não entravam muito em igrejas, mas se sentaram no meio dela e esperaram Laura se confessar com o padre.


-Acha que ela vai contar tudo?- cochichou Marcos com Ivan.


-Acredito que não, mas ela quer se confessar mesmo assim. Acredito que se sentirá melhor.


-Se eu soubesse que isso ia demorar tanto, traria meu laptop, igual aquele garoto ali. –Desse apontando discretamente para um rapaz de não mais de dezenove anos que estava de touca , óculos escuros e seu laptop no colo e com fones de ouvido.


-Coitado, deve estar esperando a mãe. –disse Ivan, rindo do garoto.


-Um nerd não deve ter algo melhor pra fazer em uma sexta a não ser acompanhar os passeios da mãe. Quase que você vira um, né? Se não fosse por mim.


-Fala baixo, Marcos! Estamos na igreja! E não tem nada de mal o garoto ser nerd! Você que gosta de implicar com todo mundo!- E mudando o tom de voz, ele continuou. –Sabe, se a polícia estava acobertando a morte do professor, quem me garante que se papai foi morto pela mesma pessoa, eles não estejam acobertando também? Papai pode estar vivo!


-Ivan, você viu o tio Mauro morto. Foi diferente da falsa morte do Carlos!


-Pois é... Mas eu me intrigo de uma coisa: ele tinha queimaduras. E ninguém me explicou nada disso. Ficou no ar, sabe?


-Nem na polícia podemos confiar, enh! Hum, a Laura tá saindo.


Laura saiu do confessionário e abriu um sorriso. Não para os dois, mas para o nerd do outro banco que retribuiu o sorriso e a abraçou.


-Estava esperando para se confessas também? -perguntou Laura.


-Sim. Não sabia que era você quem estava lá. -respondeu o rapaz-Você fica bem de azul.


-Ah, essa blusa não é minha, é de um amigo. A minha sujou. Bem, te vejo por aí. Se encontrar apenas na igreja não faz de nós santos. –Riram juntos e se abraçaram. O rapaz foi ao confessionário. Voltando-se para os meninos, Laura disse: - Vamos? Estou melhor agora.


-Acho que vou virar nerd.


-Meu celular está tocando, vamos saindo que eu atendo ali fora. Alô, oi vó. O quê? Estou indo aí agora!- O tom da voz de Ivan fez Marcos se preocupar:


-O que houve?


-Vamos pra mansão agora, meu avô teve um princípio de infarto.


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